sábado, dezembro 29, 2007

CONTO DE NATAL


A tia Antónia vivia só, na casa de pedra que herdara dos pais. Nela vivera anos felizes em companhia do marido e ali criaram os cinco filhos que Deus lhes dera. As paredes grossas protegiam-na da chuva e do vento, mas o telhado de telha vã deixava entrar o frio deste mês de Dezembro e se não fosse o lume morreria enregelada. Este era o seu maior receio, morrer de frio.
Os filhos havia muito que tinham deixado a aldeia, em busca de melhor vida, uns andavam por França e outros tinham ido para o Brasil, nos anos cinquenta, já o marido tinha falecido.
Os anos pesavam, já passara dos noventa, por isso desde que começaram as chuvas não saíra mais de casa. Tinha um desejo tão forte de ir à missa do galo na noite de consoada, que até andava apoquentada, por não encontrar maneira de o realizar. Já havia mais de três anos que não ia àquela missa.
A igreja era no outro extremo da aldeia e as pernas não ajudavam, sobretudo agora com aquelas artroses nos joelhos e a ciática que lhe apanhava a perna direita e as costas. Depois era o frio que repassava tudo, e se nevasse como diziam para aí, então é que nem pensar em sair de casa, mais a mais à noite.




Se ao menos um dos filhos viesse passar o Natal, ainda podia esperar que a levassem aquela missa, mas as cartas que mandaram não lhe davam qualquer esperança. – Se calhar vou morrer sem ir pela última vez à Missa do Galo – dizia baixinho.
Tinha feito umas filhóses e cozera o polvo com a tronchuda e batatas. 0 pote de ferro ainda estava a fumegar encostado ao cepo de carvalho, que crepitava na lareira. Estendeu a toalha de linho, pôs a mesa e encheu um sopito de vinho tinto para acompanhar as couves e o polvo com batatas. Mas antes rezou por todos os necessitados e pelos seus, pediu ao Menino Jesus que lhe trouxesse os filhos e os netos. Por fim que a ajudasse a ir à Missa do Galo.
Pareceu-lhe que ia dormitar, sentiu um enorme bem-estar, mas de repente viu o padre Caseiro virar-se para o povo e dizer"Dominus vobiscum" 'A Igreja estava cheia, estavam lá todos, bem agasalhados e ela nem sentia frio. Ouvia cantar o "Adeste Fideles", mas eram vozes tão lindas que não pareciam do coro da aldeia. Sentia-se tão quentinha e era tudo tão bonito que não lhe apeteceu acordar.
No dia de Natal, pela manhã, uma das vizinhas foi encontrar o seu corpo, já frio, sentada no seu banquinho, com a mesa posta, o lume acesso e os olhos fechados. A tia Antónia tinha ido à Missa do Galo e não lhe apeteceu voltar.


Felgueiras, 20 de Novembro de 2007

OCTÁVIO PEREIRA
RC FELGUEIRAS

sexta-feira, dezembro 28, 2007

DESAFIO PARA 2008

DESAFIO PARA 2008
Deste ano que vai chegando ao fim podemos, com certeza, fazer um balanço muito positivo.
De facto, as iniciativas marcantes que a USAF foi promovendo contribuíram para o enriquecimento daqueles que, não se tendo deixado abater pelo peso da idade, continuam a procurar aprender mais, partilhar mais, conviver mais… no fundo, somar qualidade de vida e alegria à sucessão de acontecimentos que fazem parte do seu viver.
Por isso mesmo se pode reconhecer que a ocupação lúdica e a convivência sadia são as grandes dinâmicas que tem presidido à concepção e à dinamização das actividades propostas, entre elas as aulas, os convívios e as visitas de estudo culturais. No fundo, algumas das melhores formas de se ocupar o possível vazio que resulta do esbatimento total da actividade profissional e da realização de se ter “os filhos criados e orientados”.
E melhor teria sido se mais pessoas tivessem abraçado este projecto de formação e de enriquecimento pessoal e social, pondo de lado o comodismo compreensível que resulta das rotinas diárias e ousando demonstrar que a “terceira idade” não é uma fase decrescente na história pessoal, mas antes um tempo de continuidade das experiências que nos realizam como pessoas.
Aliás, creio mesmo que este poderá ser o nosso grande desafio para 2008: aumentar o número daqueles que frequentam a Universidade Sénior e do Autodidacta de Felgueiras. Mas como o podemos realizar? Acima de tudo, tentando contagiar com a nossa satisfação os familiares e conhecidos que já terminaram a sua actividade profissional, em especial os que se reformaram há pouco tempo e se sentem confrontados com a necessidade de aproveitarem da melhor maneira o seu tempo livre (e que às vezes, paradoxalmente, parece ser em demasia). Complementarmente, desenvolvendo os esforços possíveis no sentido de estabelecer parcerias com outras instituições, que sem sombras de dúvida poderão ser uma mais-valia preciosa.
Para que sejamos mais, com tudo o que de bom isso representa em termos da partilha de experiências e de bem-querer. O que será, por certo, um desígnio para uma vida melhor.
Por último, na qualidade de Presidente da Associação de Estudantes da USAF, permito-me desejar a todos os alunos e professores um Bom Ano Novo, não esquecendo o Rotary Clube de Felgueiras, na pessoa do Sr. Octávio Pereira, bem como de outros dirigentes, cujo apoio tem sido imprescindível na continuação deste Projecto tão significativo para a Comunidade Felgueirense.

28 de Dezembro de 2007

João Silva

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Abertura solene da USAF do ano lectivo 2007/2008

Aspecto da Mesa:
Contra a tentação de quem quer desmotivá-la a Universidade Sénior de Felgueiras continua bem viva! E para amostra que assim é, basta referir a festa que ocorreu no dia 23 de Novembro, para celebrar a abertura solene do ano lectivo 2007/2008.
Assim, com toda a pompa e circunstância, as portas do Centro Pastoral João Paulo II, em Santa Quitéria, abriram-se às 17 horas, para dar início à sessão solene deste evento.
A cerimónia, bastante participada, pelo corpo docente, alunos e convidados da USAF, começou com as palavras de boas-vindas, proferidos pelo Director Executivo Sr. Octávio Pereira, que saudou, além dos participantes, a mesa, composta pelo Governador do Distrito Rotário dr. Henrique Maria Alves, pelo Director Pedagógico da USAF Professor Doutor Torres Moreira, pela presidente da Câmara dra. Fátima Felgueiras, pelo presidente do Rotary Club, dr. Ernesto Rodrigues e pelo presidente da Associação de Estudantes João Silva.
Usaram da palavra, entre outros, o presidente do Rotary, a presidente da Câmara, o Governador Rotário e uma representante da Universidade Sénior de Celorico de Basto, prof. Palmira Castro, terminando os discursos com a excelente lição de sapiência proferida pelo Director Pedagógico e professor da universidade de Vila Real (UTAD) doutor Torres Moreira. O tema abordado foi”Globalização e Cultura Portuguesa”.

Com a eloquência que lhe é peculiar, referiu a opinião de diversos autores sobre a globalização, clarificou as vantagens e desvantagens deste conceito, salientando a importância de se manter uma identidade nacional, regional e local. Apresentou uma brilhante retrospectiva de todo o processo, focando momentos históricos, exemplificativos da abertura aos países com os quais estabelecemos relações de cooperação. Terminou reforçando a ideia de manter “vivos” valores culturais, caracterizadores do passado e do presente, como forma de continuar a identidade do povo português.

Finda esta sessão solene, foi servido nas caves da quinta da Lixa um jantar, que culminou com a parte recreativa, abrilhantada por fados e guitarradas, declamações de poesia, danças de salão bem como a actuação da Tuna Académica da Universidade Lusíada do Porto, que foi transmitindo aos presentes a sua juventude e contagiante boa disposição, a qual se foi estendendo pela noite dentro.
Parabéns a todos, a USAF vai continuar…






Amélia Noronha

Magusto de S. Martinho

Há sempre uma razão para convívio na USAF, desta vez foram umas castanhas em vésperas de S. Martinho.

Esteve uma tarde amena de Outono que convidava ao encontro com os amigos ao ar livre, e foram muitos os que ali foram, à volta de cinquenta adultos.

As castanhas estavam bem assadas, descascavam-se facilmente e tinham o sal na medida certa. Na medida certa foram também os aperitivos e as bebidas que entremeavam as conversas animadas e as anedotas que, de quando em quando, faziam soltar solenes gargalhadas.

Toda a gente trabalhou para que o encontro fosse animado e não faltaram os bolinhos e outras especialidades que as alunas e professoras da USAF sabem preparar com muito carinho e esmero.

Os anfitriões desta vez foram a Dª Lucinda e o Sr. Carvalho, que tiveram trabalho redobrado e muita simpatia para com todos, deixamos aqui o agradecimento de toda a USAF.

Sabemos que alguns não puderam participar, por diversas razões, mas para aqueles que estavam adoentados enviamos um abraço muito amigo.

Este é o mérito da USAF, proporcionar convívio e alegria a todos para que a vida seja agradável e haja mais amigos.


Octávio Pereira