segunda-feira, maio 14, 2007

Visita aos Picos de Europa

Visita aos Picos de Europa

(Alunos e Professores da USAF)

Dias 25, 26, 27 e 28 de Abril de 2007 – Espanha

Picos de Europa. O que são?

Os Picos de Europa receberam este nome, da boca dos marinheiros, para quem constituíam os o primeiro sinal da terra pátria e situam-se na Cordilheira Cantábrica, a leste do Maciço Galaico e a nordeste dos Montes de León, com picos superiores a 2.500 metros.

O espectacular Maciço dos Picos de Europa ergue-se na fronteira entre as Astúrias e a Cantábria. Mas os Picos de Europa abrangem parte das terras leonesas, parte das Astúrias e parte da Cantábria.

Os Picos de Europa integram o conjunto mais espectacular da Península Ibérica e um dos mais privilegiados espaços naturais, o Parque Nacional de los Picos de Europa.

Os Picos de Europa distribuem-se por três Maciços: o maciço ocidental ou Cornión, o maciço central ou Los Urrieles e o maciço oriental ou Andara. Sob o ponto de vista geológico, a sua abrupta orografia calcária é jovem, porque as forças terrestres ergueram esta muralha rochosa há 300 milhões de anos, a partir do fundo de um antigo mar.

Os perfis montanhosos oferecem grandes desníveis orográficos e estendem-se paralelamente à Costa Cantábrica da qual distam apenas 25 km.

Nos seus profundos vales, apertados em torno de rios que correm apressadamente para o mar, nas suas eriçadas cumeadas e na densa fisionomia dos seus bosques e prados verdejantes, esconde – se tanta vida natural que os converte num lugar único e com uma riqueza ecológica que é dos maiores de toda a Espanha.

Nesta região rural, as artes caseiras são mantidas vivas em aldeias situadas nos remotos vales de montanhas e na base das colinas arborizadas. Há muitas povoações e igrejas antigas e as costas têm bonitos portos de pesca. As pinturas rupestres, em grutas como as de Altamira, foram feitas por povos que ali viviam há mais de 10.000 anos.

Os muçulmanos não manifestaram grande interesse por estas terras desconhecidas e de difícil conquista.

Quando tentaram apoderar-se delas, a resistência veio de territórios asturianos, sob a chefia de Pelágio (Pelayo), o guerreiro visigodo, que derrotou os mouros em 722, na célebre batalha de Covadonga, onde fica o santuário de “Nuestra Señora de Covadonga”.

1º Dia de Visita – 25 de Abril

Após uma curta paragem em Chaves, prosseguimos com destino a Puebla de Sanabria, onde almoçámos no restaurante La Casona.

Puebla de Sanabria é uma antiga e bonita vila que fica por detrás da Sierra de la Culebra, coberta de carvalhos e giestas. Uma íngreme rua empedrada faz-nos passar por casas de pedra e xisto com enormes beirais pendentes e paredes com brasões, até uma igreja e um castelo.

A vila tornou-se no centro de uma estância de férias baseada em volta do maior lago glaciar da Espanha: o Lago de Sanabria, agora uma reserva natural.

Pausa Cultural em León e visita histórico-monumental da cidade

Fundada como campo para a Sétima Legião Romana, León tornou-se na capital de um reino na Idade Média, tendo desempenhado papel importante nos primeiros anos da reconquista cristã.

O edifício mais importante da cidade – para além da sua grande Catedral, é a Colegiata de San Isidoro, construída nas muralhas romanas que rodeiam a cidade.

Uma entrada separada dá acesso ao Panteón Real romântico, lugar de descanso de 20 monarcas, decorado com capitéis esculpidos e frescos do século XII que ilustram uma variedade de temas bíblicos e míticos, bem como cenas da vida medieval.

As ruelas do pitoresco bairro antigo em volta da Plaza Mayor estão repletas de bares e cafés de decrépitas mansões e igrejas. Há dois palácios bem preservados perto da Plaza de Santo Domingo: a Casa de los Guzmanes, com o seu elegante pátio renascentista com arcadas, e a Casa de Botines, uma muito sóbria obra de Antoni Gaudí, que agora é um banco.

Catedral de León

Os mestres construtores desta catedral gótica espanhola inspiraram-se nas abóbadas e contrafortes franceses.

A estrutura de calcário dourado, construída no local do palácio do século X do rei Ordoño II foi iniciada em meados do século XIII e completada menos de 100 anos depois.

A sua nave elegante, mas muito alta, combina com enormes painéis de vitrais, que são a sua característica mais importante.

Apesar de ter sobrevivido 700 anos, causa preocupações devido à poluição do ar que está a atacar a pedra.

O Plano do edifício é uma cruz latina. A nave é estreita e comprida, medindo 90m por 40m no ponto mais largo.

A Virgem Blanca é uma escultura gótica da Virgem a sorrir. A original encontra-se guardada numa capela do interior, enquanto na entrada ocidental, encontramos uma cópia.

A Rosácea ocidental, com oito metros de diâmetro, data do século XIII e é uma das mais antigas da Catedral.

A maior glória da Catedral de León, são os magníficos vitrais, os quais cobrem uma área total de 1800 m2, e são a principal atracção da Catedral.

Após o jantar, e porque o tempo estava húmido, ninguém quis visitar as “Bodegas” típicas no “Bairro Húmido”.

Assim, recolhemos aos quartos no Hotel Luis de León, pois já se notava algum cansaço.

2º Dia de Visita – 26 de Abril – Partida com destino a Oviedo

Oviedo é uma cidade universitária e capital cultural e comercial das Astúrias. Situa-se num local elevado, numa planície fértil.

Dados geográficos:

O concelho de Oviedo está situado na zona central das Astúrias, entre os rios Nalón e Nora. Está situado a 30 Km da Costa e cerca de 60 Km da Cordilheira Cantábrica.

O clima é temperado e muito agradável, com Invernos suaves e Verões frescos. A temperatura média é de 13,8 ºC.

A população total ronda as 210 000 pessoas que se distribui por uma superfície de 185,14 Km2.

Oviedo é hoje uma cidade moderna, cuja população vive essencialmente de serviços.

Em Oviedo e à sua volta, encontram-se muitos edifícios pré-românicos. O estilo floresceu nos séculos VII a X, mas manteve-se a uma pequena área do reino das Astúrias, um dos poucos enclaves espanhóis não invadidos pelos Mouros.

O núcleo da cidade medieval é a imponente Plaza Alfonso III, rodeada por belos palácios. É nessa praça que se encontra uma catedral do gótico flamejante, com uma alta torre e uma fachada ocidental assimétrica. Nesta magnifica catedral do séc XlV encontra-se a cruz que em 718 Pelágio, primeiro rei das Astúrias, levou para a batalha de Covadonga. Esta batalha comemora o início da reconquista da Península aos Mouros. No interior estão túmulos de reis Asturianos e um majestoso retábulo do século XVI. O supremo tesouro da Catedral é a Câmara Santa, uma capela do século IX, restaurada, que contém expressivas estátuas de Cristo e dos Apóstolos. A Capela também abriga muitas obras sumptuosas da arte Asturiana do século IX, incluindo duas cruzes e um relicário de ouro, prata e pedras preciosas.

O impulso dado por Alfonso II à Catedral representou a vontade política do rei em converter a cidade, não só em capital do reino das Astúrias, mas também, num grande Santuário da Cristandade. O templo, dedicado a El Salvador, foi dotado de inúmeras relíquias num lugar destacado na rota ou Caminho de Santiago.

Uma antiga cópia medieval recorda: “Quien va a Santiago y no va a El Salvador, visita al vasallo y no al Señor”.

Oviedo tem ainda outros monumentos notáveis, de variado estilo arquitectónico, como o antigo edifício da Universidade de Oviedo, os palácios de Valdecarzana, Campo-sagrado ou o antigo Convento de S. Vicente, bem como as célebres esculturas por toda a cidade que exaltam a memória, as tradições e as ilusões dos cidadãos.

Oviedo é uma cidade de marcado carácter cultural. Conta com dois teatros públicos: El Teatro Campoamor, sede da entrega dos Prémios Príncipe de Astúrias e o Teatro Filarmónica.

Durante todo o ano há manifestações culturais, literárias, musicais e outras, fomentadas tanto por entidades públicas como privadas.

CANGAS DE ONIS

Após o almoço, em Oviedo, seguimos viagem para Cangas de Onis, uma das entradas para os Picos de Europa. Foi aqui que Pelágio (Pelayo), nobre visigodo do século VIII e primeiro herói da reconquista, instalou a sua corte. A cidade tem uma graciosa ponte românica e a Capela de Santa Cruz, do século XV, edificada sobre um dólmen.

A cerca de 5 km para leste, fica a Cueva del Buxo, com desenhos e gravuras rupestres, com mais de 10 000 anos. Por dia, só 25 visitantes, em grupos de 5 podem ver as grutas, sendo já longa a lista de espera. Por tal motivo, não a pudemos visitar.

COVADONGA

Prosseguimos viagem rumo a Covadonga, já dentro do Parque Nacional de Los Picos de Europa.

Nalgumas zonas, os profundos desfiladeiros cortam as rochas abruptamente, enquanto noutras se vêem vales verdejantes repletos de pomares. Nesta região se produz e comercializa a cidra, bebida pouco alcoólica, proveniente da maça.

A protecção destas montanhas teve o seu início em 1918, quando o rei Afonso XIII classificou o primeiro parque nacional espanhol, ao qual chamou “Parque da Montanha de Covadonga” que, deste modo, se converteu num dos espaços naturais protegidos, pioneiros em todo o mundo.

Em 1995, a sua zona protegida foi ampliada, atingindo os actuais 64 660 hectares – 24 719 em León, 15 331 em Cantábria e 24 560 em Astúrias – e denominando-se agora “ Parque Nacional dos Picos de Europa”.

Na estrada que vai para os lagos, fica o Santuário de “Nuestra Señora de Covadonga”, um sítio que, além do seu ambiente mágico, nos oferece uma notável beleza natural.

A imagem da Virgem de Covadonga acha-se numa concavidade da própria rocha, sob a qual brota o rio Auseba.

A “Santina” de Covadonga é um símbolo Asturiano dotado de um intenso componente religioso e atrai milhares de devotos, todos os anos, no dia 8 de Setembro.

A Basílica de Covadonga é de estilo neo-românico construída entre 1886 e 1901, erguida no local da histórica vitória de Pelágio. Diz a lenda que, em 722, Pelágio e um reduzido grupo de homens derrotaram um grande exército mouro. A vitória inspirou os Cristãos do Norte de Espanha a reconquistarem a Península.

ARENAS DE CABRALES

Alguns quilómetros mais adiante, parámos em Arenas de Cabrales, para uma curta visita e compra de alguns “Recuerdos” e “Regalos”, como queijos e artesanato. È neste concelho que se fabrica o famoso queijo de Cabrales, um dos mais conhecidos em todo mundo. Continua a ser elaborado de maneira artesanal e curado em grutas naturais da montanha durante um período de pelo menos três meses, cuja temperatura e humidade desenvolve bolores que lhe dão um aroma e sabor inconfundível. Seguidamente prosseguimos até La Franca, onde jantámos e pernoitámos no Hotel Mirador de La Franca, frente à Playa Maravilla del Cantábrico.

Esta praia é uma das mais belas da Costa Cantábrica com o suave clima do Oriente das Astúrias. Aqui pode desfrutar-se de uma estância prazenteira, além de praticar desportos marítimos e pesca de truta e salmão, bem como visitas a monumentos pré-históricos e excursões pelos Picos de Europa.

3º Dia de Visita – 27 de Abril

Saindo de La Franca, subimos junto ao rio Deva, próximo da povoação de Helgueras, passámos por Panes e continuamos a subir junto ao desfiladeiro da Hermida, sempre junto ao rio Deva. Passámos por Potes, uma pequena cidade antiga, com casas velhas de varandas típicas, junto ao rio no largo do Vale ou Veiga de Liébana. Prosseguimos até Fuente Dé, no Maciço Central dos Picos de Europa. Aqui o desafio era subir de teleférico a um planalto rochoso, uma subida íngreme de 900 metros, de onde se obtém um panorama espectacular sobre os picos e vales. Um desafio que quase todos venceram com muita coragem e determinação e alguma adrenalina. O que dali se contemplava,... Só visto!

Visitámos ainda o Mosteiro de Santo Toríbio de Liébana, considerado um dos templos mais antigos, do Vale de Liébana, do século VI, segundo documentação existente.

No templo, custodiaram-se os restos de Santo Toríbio de Astorga e a sagrada relíquia trazida da Terra Santa por este. É o maior pedaço de madeira que se conserva da Santa Cruz. O relicário que contém o fragmento da Santa Cruz é delicadamente lavrado e constitui um belo exemplar da ourivesaria do século XIV.

Após a missa, foi dado a beijar a todos os presentes e visitantes que o desejaram.

No final das cerimónias, o frade franciscano que presidiu à Missa, fez-nos uma breve explicação deste Templo.

Uma Bula do Papa Júlio II instituiu o “Ano Santo Lebaniego” em 1512. Tal privilégio coloca o Mosteiro entre os quatro lugares santos do Cristianismo.

O período jubilar é anual e é Ano Santo, quando a festa do Santo, 16 de Abril, coincide com um Domingo.

Em Potes, depois do almoço, houve ainda tempo para visitar as lojas de artesanato e a Torre del Infantado. Esta é uma casa-torre construída com fins estratégicos e militares no século XV; Hoje, é a actual sede da Câmara Municipal.

SANTILLANA DEL MAR

Continuando a nossa viagem, seguimos rumo a Santillana del Mar, uma das cidades mais bonitas da Espanha, que, apesar do nome, não fica junto ao mar.

O seu conjunto de casas de pedra douradas, dos séculos XV e XVII, sobreviveu intacto, apesar dos muitos turistas e das muitas lojas de recordações.

A cidade cresceu à volta do Mosteiro Românico La Colegiata, que foi um importante centro de peregrinação.

Nas duas ruas principais, empedradas, há casa construídas pelos Nobres locais com belas galerias de madeira ou varandas de ferro forjado e brasões de armas nas fachadas de pedra.

Seguidamente dirigimo-nos em direcção à linda cidade de Santander, situada junto ao mar Cantábrico, onde pernoitamos no magnífico Hotel Santemar.A cerca de 25 Km de sudoeste desta cidade, situam-se as célebres grutas de Altamira com pinturas rupestres datadas de há 13.000 a 20.000 anos.

4º Dia de Visita – 28 de Abril

No fim de um bom jantar no hotel Santander, com tempo fresco, mas agradável, fizemos um pequeno passeio pela cidade, junto ao mar.

Por falta de tempo, não visitamos a cidade, nem os seus pontos mais interessantes.

Da Santander Monumental, valeria a pena visitar o Banco de Santander, símbolo da importância da cidade, para o desenvolvimento da banca espanhola. Mas também o conjunto monumental composto pela Igreja de Cristo e a Catedral de Santander.

Dignos de visita são ainda o Museu Municipal de Belas Artes e a Casa-Museu e Biblioteca de Menéndez Pelayo.

Ficará para uma próxima oportunidade, que, de todo, se justifica. Moderna e cosmopolita, Santander, capital da Cantábria, desfruta de um enquadramento privilegiado. Situada numa das Baías consideradas mais bonitas do mundo, Santander combina, na perfeição, a montanha e o mar, a partir de qualquer dos seus inúmeros miradouros.

O centro da cidade é moderno e foi reconstruído após um incêndio em 1941.

O subúrbio de El Sardinero, a Norte, é uma estância balnear elegante com uma bonita praia rodeada por jardins, cafés e um majestoso casino branco. Local de cultura, El Sardinero abriga um grande festival de teatro e música em Julho e Agosto.

Aqui fica a sugestão para um regresso oportuno.

Este último dia estava reservado apenas ao regresso a Portugal. Assim, iniciámos a viagem de regresso em direcção a Palencia. Rapidamente deixámos para trás a paisagem montanhosa, ainda coberta de neve, e entramos na paisagem de planície, com muitos verdes.

Na província de Palencia, sobretudo a sudeste, predomina a Tierra de Campos, enorme planície cerealífera conhecida na antiguidade com o nome de Campos Góticos. Justifica-se a visita aos Castelos de Palencia, pelo seu valor histórico, embora este património seja pouco conhecido e explorado, mesmo entre os espanhóis. Chegados a Palencia, era hora de almoçar e prosseguir a viagem até Vilar Formoso, Porto e Felgueiras.

2007-05-10

Dr. Gaspar Martins

João Silva