Um combate à exclusão social
Milhares de pessoas realizam diariamente o sonho de regressar à escola nas quase noventa universidades seniores existentes no nosso país.
Têm ‘universidade’ no nome, mas são bem diferentes das tradicionais instituições de ensino superior como as conhecemos. Para entrar na ‘Universidade Sénior’ não é preciso cumprir provas nacionais, nem é exigida nota de candidatura. Vontade de aprender é o principal requisito. Cerca de 15 mil “alunos” frequentam estas instituições, onde as únicas condições de acesso são ter mais de 50 anos e «vontade de conviver».
Com “propinas” que rondam os 15 euros, nestas universidades não há notas nem exames, e as mais formais possuem, já, o seu próprio traje e, até, dia da recepção ao caloiro. Ninguém é chumbado mas também ninguém passa com distinção. Há sim, o reconhecimento da participação e da frequência. Nesse sentido, tudo é levado muito a sério. Hoje, está provado que um cérebro exercitado mantém a memória ao longo dos anos.
O principal objectivo é combater a exclusão social. Por isso servem para as pessoas saírem de casa e, até, fazerem coisas que nunca tinham feito ou imaginado, sequer, fazer. A sua principal função é incentivar a participação dos seniores em actividades culturais, de cidadania, ensino e lazer, e servem também para divulgar a história, as tradições, as artes…
Na USAF (Universidade Sénior e do Autodidacta de Felgueiras – a funcionar nas instalações dos Rotários, junto à Rádio) o corpo docente, todo voluntário, quase sempre mais novo que os próprios alunos, ministra as seguintes disciplinas: Língua Inglesa, Problemáticas do Mundo Contemporâneo, Novas Tecnologias, Literatura e Cultura Portuguesa, Filosofia, Psicologia, Saúde, História, Artes Decorativas, Direito, Yoga, etc.
As experiências e as vivências que estas “aulas” propiciam são reciprocamente enriquecedoras e geram um convívio intergeracional extremamente profícuo.
As aulas funcionam de segunda a sexta, das 14h30 às 19 horas e todos os interessados em as frequentar podem inscrever-se.
Nestas universidades a maioria dos alunos ronda os 65 anos, têm apenas o nono ano e três em cada quatro são mulheres. Há alunos com apenas a quarta classe, outros com o sexto ano. Mas também há um grupo de cerca de quinze por cento que têm licenciaturas. O convívio e a alegria de voltar aos bancos da escola são comuns a todos.
As universidades seniores vieram para ficar. Sem fins lucrativos, conheceram na viragem do século um «boom». «Antes de 2001 existiam apenas 18 universidades, hoje são cerca de noventa» segundo explicou Luís Jacob, coordenador da Rede de Universidades da Terceira Idade (RUTIS), em declarações ao semanário Tal & Qual.
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