RESUMO DA VISITA DE ESTUDO A COIMBRA E CONIMBRIGA.
A USAF, para dar continuação às suas saídas de cultura e recreio, organizou, no dia 28 de Janeiro de 2011, mais uma viagem de estudo, desta vez a Coimbra e às ruínas de Conímbriga, como forma de dar-nos a conhecer ou a lembrar as grandezas que temos e outras que restam do nosso passado histórico, enriquecendo o nosso mundo cultural.
Assim, num autocarro local iniciou-se a viagem com 35 elementos da USAF, que à hora combinada (7,5h) compareceram no lugar de partida, levando-nos até à cidade dos estudantes.
Pelas 10 horas estávamos no largo frente à Universidade de Coimbra, onde nos esperava um guia local que orientou a nossa visita aos sítios mais importantes desta universidade coimbrã, fundada pelo rei D. Dinis em 1308.
Primitivamente, tinha criado em Lisboa uma instituição de ensino chamada Estudos Gerais e que algum tempo depois transferiu para Coimbra, por bula do papa Clemente V (1308). Regressou a Lisboa em 1348, mas de novo voltou para Coimbra em 1372 e obteve licença papal para que nela se conferissem os graus de bacharel, licenciado e doutor.
O Infante D. Henrique fez-lhe doações, com a obrigação da criação de aulas de geometria e astronomia. Com várias andanças de Lisboa para Coimbra e de Coimbra para Lisboa, em 1337, D. João III estabilizou-a definitivamente em Coimbra, onde se tem conservado ao longo dos séculos até aos nossos dias. E para que melhor fosse a sua acção educativa, este rei contratou, no estrangeiro os mais ilustres professores.
D. Dinis ao criar a Universidade de Coimbra ordenou que se usasse nos documentos escritos a Língua Portuguesa, em substituição da Latina, empregue até então (1290). Protegeu os trovadores, não fosse ele o melhor trovador do seu tempo!
Após este preâmbulo sobre os princípios desta Universidade de Coimbra, o guia conduziu-nos à Biblioteca Joanina, assim chamada, por ser D. João V seu fundador, dotando-a de esplêndida ornamentação em talha dourada, cujo reinado do Rei Magnânimo fora beneficiado mercê do ouro que vinha do Brasil, pela descoberta das minas deste metal precioso que naquela ex-colónia portuguesa tinham sido descobertas, no reinado de seu pai, D. Pedro II e que muito enriquecera o património nacional, proporcionando a D. João V as notáveis construções como o Convento de Mafra, o Aqueduto das Águas Livres, a Basílica da Estrela e entre outras, a Biblioteca da Universidade de Coimbra.
O lindíssimo edifício é de um valor incalculável e está dividida em três alas: amarela representando Medicina; a azul, ligada ás Ciências e ás Tecnologias; a vermelha, lembrando Direito.
Alberga 200.000 volumes que na sua maioria, representa o que de melhor havia na Europa culta daquele tempo!
Estes livros são acessíveis à consulta de qualquer pessoa, mediante certas regras formalizadas, dado que são livros antigos dos séculos XVI, XVII, e XVIII, que têm que ser preservados e usados com todo o cuidado.
Todos estes exemplares bibliográficos estão em boas condições, porque o edifício é uma perfeita caixa-forte.
Fomos informados de todos os pormenores da construção, das madeiras empregadas nas paredes e nas estantes, da temperatura ambiental, o que protege este livros de um inimigo do papel os “papirógrafos” (insectos que se alimentam de papel), dado que as estantes são feitas de madeira de carvalho que dificulta a penetração desses bichinhos, exalando um odor que os repele.
O interior desta biblioteca é uma autêntica obra-prima de beleza e valor incalculável!
Seguiu-se a visita à Sala dos Capelos que é a principal sala da Universidade de Coimbra e é utilizada nas cerimónias académicas. A primeira destas cerimónias é a “defesa académica” do doutoramento, prova obrigatória para obtenção do grau de Doutor. Nesta altura, o candidato deve apresentar-se devidamente trajado (calça ou saia preta, batina, camisa branca, capa preta comprida e sapatos pretos), perante o júri. Após esta prova o novo doutor, vem de novo a esta sala pedir ao Reitor as insígnias doutorais: a borla (pequeno chapéu que simboliza a Inteligência) e o capelo (pequena capa, curta, de seda e veludo que simboliza a Ciência), ambos da cor correspondente à faculdade que outorgou o grau académico. Depois segue-se outra cerimónia inerente à cerimónia do doutoramento.
Mais um acontecimento importante para esta instituição, é a abertura solene das aulas (segunda Quarta-Feira do mês de Outubro) e a Investidura do Reitor que se faz de 4 em 4 anos.
O guia lembrou também que foi aqui, nesta grande sala dos actos, que ocorreram importantes episódios da vida da nação portuguesa, como as Cortes de Coimbra em 1385, onde o Dr. João das Regras, defendeu a causa de D. João, Mestre de Avis, como pretendente ao trono de Portugal, após a morte de D. Fernando, por ser filho bastardo de D. Pedro I e de D. Teresa Lourenço. Era ali a sala do Trono do Paço de Alcáçova, local onde viveram todos os reis da primeira dinastia (1143-1383).
Passámos depois pela Sala das Armas, que fazia parte da ala real do antigo paço, e alberga as armas (alabardas) da Guarda Real Académica, que ainda hoje são utilizadas pelos archeiros (que são guardas nas cerimónias solenes).
Também passámos pela Sala Amarela, contígua à das Armas que tem as paredes forradas de seda amarela para lembrar a faculdade de Medicina; a Sala Azul que evoca a faculdade de Ciência e Tecnologia; a Sala Vermelha, inerente à faculdade de Direito.
Visitámos depois, a Real Capela de S. Miguel, que foi sede da Confraria de lentes e estudantes, sob a veneração de Nossa Senhora da Luz e que tinha sido da Instituição do Infante D. Henrique. A sua estrutura arquitectónica é de uma beleza fascinante, de estilo manuelina, sobretudo nas janelas da nave central e do arco cruzeiro. É revestido de azulejo do sec. XVII. No fundo tem o trono dos reis que tinha que estar à mesma altura do belo retábulo do Altar-mor de estilo maneirista.
O púlpito foi local, onde a 25 de Novembro de 1660, o Padre António Vieira proferiu o sermão dedicado a Santa Catarina que é padroeira da Universidade de Paris e invocada como padroeira dos filósofos.
È ainda destacável o órgão barroco que data de 1737 e tem cerca de 3.000 tubos, do tempo de D. João V.
Nesta capela pode fazer-se casamentos, desde que as noivos tivessem sido alunos ou filhos de alunos que passassem pela Universidade de Coimbra.
Daqui partimos para visita à Sé Velha de Coimbra, monumento precioso e a pé atravessamos as íngremes ruelas do centro histórico da cidade, bem como a ponte sobre o Mondego, que liga as duas partes da cidade, para se ir admirar o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, monumento que fora desterrado há poucos anos, com a visita ao respectivo museu.
De longe admiramos a torre da Universidade, que foi renovada há poucos anos e onde reparamos no grande sino, chamado “a Cabra” para antigamente chamar os estudantes para as aulas.
E tínhamos que almoçar, depois desta maratona de visitas. Quem nos acolheu para o repasto foi o restaurante “Cantinho dos Reis”, onde se comeu a célebre “sopa de pedra”, aliada a outras iguarias.
De tarde fomos para Conímbriga, onde se encontram as ruínas da antiga cidade pré-românica que fica em Condeixa-a-Velha, a poucos quilómetros de Coimbra.
Estas ruínas são a principal estação arqueológica portuguesa, vestígios de uma notável urbe da Lusitânia, e importante referência da cultura e investigação científica portuguesa.
Os Romanos terão conquistado Conímbriga no ano 136 a.C., mas só no reinado do Imperador Augusto, a cidade se remodelou à maneira de Roma. Para isso foi construída uma grande muralha defensiva que marcou os limites da cidade em cerca de 15 hectares.
Conímbriga conheceu grande prosperidade na época imperial romana, mas em 468 foi tomada pelos Suevos e parcialmente destruída.
No estado actual das investigações arqueológicas, através das escavações realizadas nos últimos anos, apenas uma parte da cidade foi descoberta e conserva toda a cintura de muralhas que reforçava as óptimas condições defensivas do local. Pôde-se observar o que foi uma antiga parte do aqueduto que conduzia a água, várias casas com notáveis pavimentos (dos grandes Senhores) como a Casa dos Repuxos, mercê de restauros feitos há poucos anos. Noutra zona, intramuros, vê-se o que foi uma série de pequenas “tabernas” (lojas) e construções de tipo utilitário. Recentemente foram descobertas várias termas públicas.
Durante 3 horas ouvimos intensas explicações dadas por dois guias, divididos em dois grupos, mas que é impossível descrevê-las, até porque o nosso espaço é limitado.
Os espólios arqueológicos encontrados (moldes, esculturas, cerâmicas, etc.), encontram-se muito bem referenciados no Museu Monográfico de Conímbriga que também nos foi dado visitar.
Enfim, uma visita de estudo bastante cansativa, mas compensada pelo universo de vivências que construímos na cultura de cada um de nós.
29/01/2011