sexta-feira, março 16, 2012

Carta aos professores - não deixem de ler -

Esta carta é da autoria de uma das filhas da nossa querida e saudosa colega Estefânia. Dá que pensar. Quem já não se sentiu assim ou se sente neste momento? É um retrato claro daquilo porque passamos diariamente. Teresa/Bé

"As reformas na educação estão na boca do mundo há mais anos do que os que conseguimos recordar, chegando ao ponto de nem sabermos como começaram nem de onde vieram. Confessando, sou apenas uma das que passou das aulas de uma hora para as aulas de noventa minutos e achei aquilo um disparate total. Tirava-nos intervalos, tirava-nos momentos de caçadinhas e de saltar à corda e obrigava-nos a estar mais tempo sentados a ouvir sobre reis, rios, palavras estrangeiras e números primos.

Depois veio o secundário e deixámos de ter “folgas” porque passou a haver professores que tinham que substituir os que faltavam e nós ficávamos tristes. Não era porque não queríamos aprender, era porque as “aulas de substituição” nos cansavam mais do que as outras. Os professores não nos conheciam, abusávamos deles e era como voltar ao zero.
Eu era pequenina. E nunca me passou pela cabeça pensar no lado dos professores. Até ao dia 1 de Março.

Foi o culminar de tudo. Durante semanas e semanas ouvi a minha mãe, uma das melhores professoras de Inglês que conheci,  o meu pilar, a minha luz, a minha companhia, a encher a boca séria com a palavra depressão. A seguir vinham os tremores, as preocupações, as queixas de pais, as crianças a quem não conseguimos chamar crianças porque são tão indisciplinadas que parece que lhes falta a meninice. Acreditem ou não, há pais que não sabem o que estão a criar. Como dizia um amigo meu: “Antigamente, fazíamos asneiras na escola e quando chegávamos a casa levávamos uma chapada do pai ou da mãe. Hoje, os miúdos fazem asneiras e os pais vão à escola para dar a dita chapada nos professores”. Sim, nos professores. Aqueles que tomam conta de tantos filhos cujos pais não têm tempo nem paciência para os educar. Sim, os professores que fazem de nós adultos competentes, formados, civilizados. Ou faziam, porque agora não conseguem.

A minha mãe levou a maior chapada de todas e não resistiu. Desculpem o dramatismo mas a escola, o sistema educativo, a educação especial, a educação sexual, as provas de aferição e toda aquela enormidade de coisas que não consigo sequer enumerar, levaram deste mundo uma das melhores pessoas que por cá andou. E revolta-me não conseguir fazer-lhe justiça.

Professores e responsáveis pela educação, espero que leiam isto e acordem, revoltem-se, manifestem-se (ainda mais) mas, sobretudo e acima de qualquer outra coisa, conversem e ajudem-se uns aos outros. Levem a história da minha mãe para as bocas do mundo, para as conversas na sala dos professores e nos intervalos, a história de uma mulher maravilhosa que se suicidou não por causa de uma vida instável, não por causa de uma família desestruturada, não por dificuldades económicas, não por desgostos amorosos mas por causa de um trabalho que amava, ao qual se dedicou de alma e coração durante 36 anos.

De todos os problemas que a minha mãe teve no trabalho desde que me conheço (todos os temos, todos os conhecemos), nunca ouvi a palavra “incapaz” sair da boca dela. Nunca a vi tão indefesa, nunca a conheci como desistente, nunca pensei ouvir “ando a enganar-me a mim mesma e não sei ser professora”. Mas era verdade. Ela soube. Ela foi. Ela ensinou centenas de crianças, ela riu, ela fez o pino no meio da sala de aulas, ela escreveu em quadros a giz e depois em quadros electrónicos. Ela aprendeu as novas tecnologias. O que ela não aprendeu foi a suportar a carga imensa e descabida que lhe puseram sobre os ombros sem sentido rigorosamente nenhum. Eu, pelo menos, não o consigo ver.

E, assim, me manifesto contra toda esta gentinha que desvaloriza os professores mais velhos, que os destrói e os obriga a adaptarem-se a uma realidade que nunca conheceram. E tudo isto de um momento para o outro, sem qualquer tipo de preparação ou ajuda.

Esta, sim, é a minha maneira de me revoltar contra aquilo que a minha mãe não teve forças para combater. Quem me dera ter conseguido aliviá-la, tirar-lhe aquela carga estupidamente pesada e que ninguém, a não ser quem a vive, compreende. Eu vivi através dela e nunca cheguei a compreender. Professores, ajudem-se. Conversem. E, acima de tudo, não deixem que a educação seja um fardo em vez de ser a profissão que vocês escolheram com tanto amor.
Pensem no amor. E, com ele, honrem a vida maravilhosa que a minha mãe teve, até não poder mais.

Sara Fidalgo

P.S. - Não posso deixar de agradecer a todos os que nos ajudaram neste momento de dor *"

segunda-feira, março 12, 2012

ESPECTÁCULO DA USAF NA CASA DAS ARTES

Gil Vicente, o autor do «Auto da Feira», que será representado pelos alunos da Universidade Sénior e Autodidata de Felgueiras, era um poeta cujas obras representam uma visão do seu tempo. Embora a criação da obra date do século XVI, apresenta uma visão da sociedade que não poderia ser mais atual.
Considerado o criador do teatro português, Gil Vicente criou obras nas quais tenta alertar-nos sobre a fragilidade da argila humana e cujos descuidos nos afastam da vida prometida e infinita. Poeta essencialmente cristão acreditava na existência de dois mundos, o finito e o infinito e a certeza permanente da vida para além da morte. As suas obras teem como tema principal o desencontro entre estes dois mundos.
Tal é, igualmente, o tema do “Auto da Feira” que será representado no dia 27 de março na Casa das Artes de Felgueiras. Esta peça, mais comummente chamada a Feira das Virtudes, é promovida pelos anjos em honra da Virgem. Nesta feira nada se vende, apenas se adquirem as virtudes que andam tão desgastadas. O diabo, por seu lado, bom comerciante está presente para oferecer o que as pessoas desejam, a fama e os favores. Há um desfilar de personagens, das quais se destacam Roma, símbolo do papado, nesta obra fortemente criticada ou ainda as mulheres queixosas e maridos descontentes. Além desta crítica tão severa, até as pastoras são aqui mostradas com grande despreocupação pela sua conduta.
Esta peça permite-nos de uma forma divertida e despreocupada, bem ao estilo de Gil Vicente, rir, festejar a ligeireza do ser humano e a fragilidade do homem e quiçá refletir sobre a essência da vida.
Também atuarão a Tuna e o Grupo de Cavaquinhos da USAF.

quinta-feira, março 01, 2012

USAF PROCURA SABORES GASTRONÓMICOS



No passado dia 26 de Fevereiro, um grupo de professores e alunos da USAF foram à procura dos sabores gastronómicos, desta vez aos ciclóstomos.
O grupo dirigiu-se de autocarro em direção a Melgaço passando pelas vilas de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez onde fez uma ligeira paragem para apreciar as belezas locais.
Continuando em direção a Melgaço, mais propriamente a Alvaredo, onde se localiza o restaurante que serviu um delicioso arroz de lampreia, acompanhado com um excelente vinho Alvarinho. No final do almoço e para compensar os abusos foi-nos servido como digestivo, um chá de lúcia-lima.. De regresso, passamos pela cidade de Valença onde visitamos a sua Fortaleza e zona histórica. Foi um dia de grande convívio onde sempre reinou boa amizade e camaradagem.