António Gaspar Martins
“Na USAF, o interesse está centrado no convívio contra a solidão, na novidade e criatividade contra a rotina estressante”
Licenciado em Filosofia, pela Universidade do Porto, foi professor do Ensino Secundário, tendo sido Presidente do Conselho Executivo da EB2,3 de Lagares entre 1996 e 2003.Para além de ser Presidente da Direcção do Conservatório de Música de Felgueiras, é Director Pedagógico da Universidade Sénior e do Autodidacta de Felgueiras desde Setembro de 2008.
Qual o balanço final que faz sobre a dinâmica pedagógica da USAF durante o ano lectivo 2008/2009?
Para falarmos em balanço, teríamos de falar em objectivos, em avaliações e em metodologias e, eventualmente, em factores adjuvantes e factores oponentes. Por ora, vamos deixar estes de lado. O balanço final é, com toda a evidência, muito positivo. Aponto apenas dois factos objectivos e abonatórios. Em 1º lugar, notou-se um significativo aumento de presenças e assiduidade nas actividades lectivas. Em 2º lugar, a actividade musical atraiu mais pessoas, tanto de dentro, como de fora da USAF. Deu-lhe mais visibilidade no exterior e mais entusiasmo no interior. É um alerta positivo para uma nova dinâmica pedagógica.
Foi um dos grandes impulsionadores da Tuna Académica da USAF, que se destacou na animação de muitas iniciativas. O que o levou a investir nesta área mais artística?
Esta ideia já não era nova. Nem foi original. Apenas senti que, por todos os motivos, fazia falta pô-la em prática. Para isso, apenas tentei conjugar alguns factores positivos, já existentes: boa motivação interna e boa aceitação por parte de alguns elementos imprescindíveis, sobretudo instrumentistas. É apenas o começo. E o projecto tem pernas para andar. Aliás, apresso-me a referir que faz sempre muita falta a componente prática. Já dizia Confúcio: « O que oiço, esqueço. O que vejo, recordo. O que pratico, compreendo ». A área musical é envolvente, estimulante e «alegrante».
Considera relevante implementar, no próximo ano lectivo, novas intervenções pedagógicas, convidando especialistas noutras áreas pedagógicas ou promovendo actividades complementares? (Se sim, pode referir as razões e adiantar quais?)
Considero que, numa Universidade Sénior, é fundamental trabalhar sempre para manter o equilíbrio do lema clássico: Mens Sana in Corpore Sano. É importante a ginástica mental, bem como a actividade física. A saúde física é factor condicionante do bem-estar psicológico e mental. Por outro lado, os alunos duma Universidade Sénior devem estar o mais possível em ligação com o seu meio e com o seu tempo. Uma escola nunca deve ser um Gheto de actividades fechadas ou secretas. Muito menos quando forem actividades de seniores. Numa Universidade Sénior, nós, professores, não temos a pretensão de ensinar muitas coisas. Mas estimular e provocar muitas curiosidades. Tenho pensado em algumas actividades complementares e tenho pensado em convidar alguns especialistas. Como nada há ainda de concreto, não quero adiantar mais nada.
Que novos apoios gostaria que a USAF recebesse para melhor desenvolver a sua actividade pedagógica?
Como ninguém ama o que não conhece, penso que é imprescindível apostar mais no conhecimento da USAF e suas actividades. Entendo que é preciso dar o salto do nível da Informação para o Conhecimento. Co-gnoscere é muito mais implicativo e atractivo. Só com o despertar de curiosidades se chega à construção do auto conhecimento, passe a redundância. Estas actividades são não só um complemento de vida, mas até um suplemento vitamínico de vida. Há-de vir o tempo em que será obrigatório frequentar uma Universidade Sénior. Quando? Quando o Estado compreender que poupa dinheiro na assistência na saúde, mantendo as pessoas activas e saudáveis por mais tempo. Assim, toda a sociedade, instituições particulares, mas sobretudo públicas, deveriam apoiar. Acredito que isso possa vir a acontecer num futuro próximo. Para bem de todos, reciprocamente, individual e socialmente. Não esqueçamos que o homem é um animal social (Aristóteles) e que é a socialização que humaniza o homem e que o mantém activo e solidário, isto é, bondoso.
A USAF é frequentada por adultos que já terminaram a sua actividade profissional normal. Que grandes diferenças destaca entre estes alunos e os jovens frequentadores do ensino dito regular?
Em quase toda a minha actividade de docente, leccionei em cursos supletivos e de adultos. Noto uma grande diferença, o que é natural. Tem a ver com a questão do interesse. Na escola regular, o interesse está centrado no diploma, na classificação, importante numa sociedade classificadora, hierarquizante e meritocrática. Na USAF, o interesse está centrado no convívio contra a solidão, na novidade e criatividade contra a rotina estressante. Não há diplomas, mas poderá haver certificados de frequência. E porque o Homem se deve nortear por deveres e não por apetites, ganhamos sempre a grande satisfação do dever cumprido. Buscamos a felicidade, duma forma mais livre e consistente. Logo, numa esfera mais alta, mais plena.
Globalmente, como avalia o “Movimento das Universidades Séniores” em Portugal?
Quanto ao Movimento em si, confesso que ainda não o conheço muito bem. O que noto é que este Movimento move, efectivamente, muita gente em quase todos os cantos de Portugal. Quase toda a gente conhece ou tem um familiar ou amigo a frequentar uma Universidade Sénior. Quem frequenta sente um enorme orgulho e prazer nesta integração. Nesta participação activa e realizadora. É isto o que transparece nos rostos das pessoas que tenho presenciado e contactado de perto. Há núcleos com todo apoio e outros com bastante apoio. Felgueiras tem todo o apoio do seu fundador, Senhor Octávio Pereira, de todos os Alunos e Professores. Creio que o Movimento das Universidades Seniores vai crescer ainda mais, fortificar-se e frutificar.
“Na USAF, o interesse está centrado no convívio contra a solidão, na novidade e criatividade contra a rotina estressante”
Licenciado em Filosofia, pela Universidade do Porto, foi professor do Ensino Secundário, tendo sido Presidente do Conselho Executivo da EB2,3 de Lagares entre 1996 e 2003.Para além de ser Presidente da Direcção do Conservatório de Música de Felgueiras, é Director Pedagógico da Universidade Sénior e do Autodidacta de Felgueiras desde Setembro de 2008.
Qual o balanço final que faz sobre a dinâmica pedagógica da USAF durante o ano lectivo 2008/2009?
Para falarmos em balanço, teríamos de falar em objectivos, em avaliações e em metodologias e, eventualmente, em factores adjuvantes e factores oponentes. Por ora, vamos deixar estes de lado. O balanço final é, com toda a evidência, muito positivo. Aponto apenas dois factos objectivos e abonatórios. Em 1º lugar, notou-se um significativo aumento de presenças e assiduidade nas actividades lectivas. Em 2º lugar, a actividade musical atraiu mais pessoas, tanto de dentro, como de fora da USAF. Deu-lhe mais visibilidade no exterior e mais entusiasmo no interior. É um alerta positivo para uma nova dinâmica pedagógica.
Foi um dos grandes impulsionadores da Tuna Académica da USAF, que se destacou na animação de muitas iniciativas. O que o levou a investir nesta área mais artística?
Esta ideia já não era nova. Nem foi original. Apenas senti que, por todos os motivos, fazia falta pô-la em prática. Para isso, apenas tentei conjugar alguns factores positivos, já existentes: boa motivação interna e boa aceitação por parte de alguns elementos imprescindíveis, sobretudo instrumentistas. É apenas o começo. E o projecto tem pernas para andar. Aliás, apresso-me a referir que faz sempre muita falta a componente prática. Já dizia Confúcio: « O que oiço, esqueço. O que vejo, recordo. O que pratico, compreendo ». A área musical é envolvente, estimulante e «alegrante».
Considera relevante implementar, no próximo ano lectivo, novas intervenções pedagógicas, convidando especialistas noutras áreas pedagógicas ou promovendo actividades complementares? (Se sim, pode referir as razões e adiantar quais?)
Considero que, numa Universidade Sénior, é fundamental trabalhar sempre para manter o equilíbrio do lema clássico: Mens Sana in Corpore Sano. É importante a ginástica mental, bem como a actividade física. A saúde física é factor condicionante do bem-estar psicológico e mental. Por outro lado, os alunos duma Universidade Sénior devem estar o mais possível em ligação com o seu meio e com o seu tempo. Uma escola nunca deve ser um Gheto de actividades fechadas ou secretas. Muito menos quando forem actividades de seniores. Numa Universidade Sénior, nós, professores, não temos a pretensão de ensinar muitas coisas. Mas estimular e provocar muitas curiosidades. Tenho pensado em algumas actividades complementares e tenho pensado em convidar alguns especialistas. Como nada há ainda de concreto, não quero adiantar mais nada.
Que novos apoios gostaria que a USAF recebesse para melhor desenvolver a sua actividade pedagógica?
Como ninguém ama o que não conhece, penso que é imprescindível apostar mais no conhecimento da USAF e suas actividades. Entendo que é preciso dar o salto do nível da Informação para o Conhecimento. Co-gnoscere é muito mais implicativo e atractivo. Só com o despertar de curiosidades se chega à construção do auto conhecimento, passe a redundância. Estas actividades são não só um complemento de vida, mas até um suplemento vitamínico de vida. Há-de vir o tempo em que será obrigatório frequentar uma Universidade Sénior. Quando? Quando o Estado compreender que poupa dinheiro na assistência na saúde, mantendo as pessoas activas e saudáveis por mais tempo. Assim, toda a sociedade, instituições particulares, mas sobretudo públicas, deveriam apoiar. Acredito que isso possa vir a acontecer num futuro próximo. Para bem de todos, reciprocamente, individual e socialmente. Não esqueçamos que o homem é um animal social (Aristóteles) e que é a socialização que humaniza o homem e que o mantém activo e solidário, isto é, bondoso.
A USAF é frequentada por adultos que já terminaram a sua actividade profissional normal. Que grandes diferenças destaca entre estes alunos e os jovens frequentadores do ensino dito regular?
Em quase toda a minha actividade de docente, leccionei em cursos supletivos e de adultos. Noto uma grande diferença, o que é natural. Tem a ver com a questão do interesse. Na escola regular, o interesse está centrado no diploma, na classificação, importante numa sociedade classificadora, hierarquizante e meritocrática. Na USAF, o interesse está centrado no convívio contra a solidão, na novidade e criatividade contra a rotina estressante. Não há diplomas, mas poderá haver certificados de frequência. E porque o Homem se deve nortear por deveres e não por apetites, ganhamos sempre a grande satisfação do dever cumprido. Buscamos a felicidade, duma forma mais livre e consistente. Logo, numa esfera mais alta, mais plena.
Globalmente, como avalia o “Movimento das Universidades Séniores” em Portugal?
Quanto ao Movimento em si, confesso que ainda não o conheço muito bem. O que noto é que este Movimento move, efectivamente, muita gente em quase todos os cantos de Portugal. Quase toda a gente conhece ou tem um familiar ou amigo a frequentar uma Universidade Sénior. Quem frequenta sente um enorme orgulho e prazer nesta integração. Nesta participação activa e realizadora. É isto o que transparece nos rostos das pessoas que tenho presenciado e contactado de perto. Há núcleos com todo apoio e outros com bastante apoio. Felgueiras tem todo o apoio do seu fundador, Senhor Octávio Pereira, de todos os Alunos e Professores. Creio que o Movimento das Universidades Seniores vai crescer ainda mais, fortificar-se e frutificar.
João Silva
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