ENVELHECENDO...
Destacamos alguns tópicos das diversas intervenções começando pela Dr. Fátima Carvalho directora do Núcleo de Promoção da Autonomia no Centro Distrital de Segurança Social do Porto que referiu a dada altura que “os nossos idosos nem sempre tem os seus direitos salvaguardados”. Falou sobre o Serviço de Apoio Domiciliário e sobre o Sistema de Atribuição de Produtos de Apoio ou ajudas técnicas. E referindo-se à Rede Informal de Apoio Social que assenta nas relações de vizinhança e nas relações de afecto, disse que Felgueiras tem já famílias de acolhimento. Disse mais que “ é à sociedade civil que compete uma maior consciência do exercício da cidadania, assumindo um papel mais activo e responsável”. Devemos procurar que os idosos sempre que possível não saiam da sua casa e do seu ambiente, ou seja não devem ser levados para instituições sempre que seja possível mantê-los no seu ambiente.
Seguiu-se no uso da palavra a Dra. Constança Paul, Professora Catedrática e Investigadora do Instituto de Ciências Biomédica Abel Salazar que falou sobre os factores psicossociais do envelhecimento activo. Disse que o envelhecimento não acontece de repente é um processo no decurso da vida e que os aspectos comportamentais a partir da adolescência têm muito a ver com a qualidade de vida na terceira idade. No envelhecimento é preciso pugnar pela optimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança para a autonomia; manter a capacidade de decisão e independência equivale a melhor qualidade de vida. Referiu a falta de geriátras e enfatizou a importância do ambiente físico ameno, da casa segura com ausência de quedas nem poluição, com suporte social, a educação e literacia para um bom envelhecimento activo. Disse também que “a ideia de que a reforma antecipada deixa postos de trabalho para os mais novos é falsa e não se verificou em parte nenhuma do mundo”. Referiu ainda que o controlo e capacidade de decisão bem como ter uma participação social activa é um factor importante no processo de envelhecimento, até porque “ não há velhos estúpidos, o que há são jovens estúpidos que envelhecem como todos nós”.
O terceiro interveniente foi o Doutor José Pinto da Costa, Professor Catedrático jubilado do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, que abordou o tema do envelhecimento biológico. Dessa intervenção retivemos alguns tópicos:
“O mundo é dos idosos e é bom que o Estado vá pensando que os idosos continuam válidos. O envelhecimento é um processo biológico e não é só do homem, é de todos os animais, é um processo dinâmico, progressivo e irreversível. A personalidade começa com ávida e só termina com a morte. A idade cronológica ( a quem vem no B.I) é diferente da idade biológica. O Envelhecimento tem a ver não apenas com a idade, mas também com a forma como vivemos. Somos 30% genética e 70% aprendizagem. O envelhecimento não é um processo de doença, mas torna-nos mais sujeitos a adoecer. Envelhecimento saudável não é só ausência de doença, mas também qualidade de vida. Todo o processo de envelhecimento está ligado à forma como vivemos. O desejo de eternidade move os homens desde a antiguidade e nunca vai parar. A actividade intelectual retarda o envelhecimento.”
Da parte de tarde ouvimos o Dr. José Ferreira Alves professor na Universidade do Minho e representante da Rede Internacional de Prevenção de Maus-Tratos às Pessoas Idosas dizer que “ os filhos e os cônjuges são os principais abusadores dos idosos “ Mas acrescentou que a proximidade física e o afastamento emocional criam condições de abuso e que muitas vezes as famílias criam contextos de abusos. Mais à frente referiu que “ o abuso é como uma doença crónica, provoca lesões e doenças duradoiras” e que “o filho que produz não se preocupa com o dinheiro dos seus pais.”
Seguiu-se a Dra. Ana Luísa Quinta Gomes investigadora da Universidade de Aveiro que tratou da sexualidade nos idosos, dizendo que se criou na sociedade uma ideia errada de que os idosos que mantêm interesse sexual são pessoas perversas e mal formadas. Quando não é nada disso. No entanto isso cria, por vezes, nas pessoas idosas um sentimento de vergonha, apreensão e embaraço e leva-os a conformar-se com essas situações. Disse ainda que apesar de haver alterações psicológicas progressivas com o avançar da idade, estas não são impeditivas da actividade sexual e interesse romântico. O bem estar psicológico e físico tem a ver com a actividade sexual, e a actividade sexual regular poderá contribuir para o atraso no envelhecimento e prevenir o atraso na produção de hormonas.
O terceiro orador da tarde foi o Professor Daniel Serrão, Professor jubilado da Faculdade de Medicina do Porto e membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, que abordou a problemática neurobiológica no idoso.
Referiu que “ o cérebro faz-se a partir dos estímulos que recebe” e por isso “ o cérebro em muitos aspectos melhora com a “idade , é mais criativo”. Terminou dizendo que, “uma velhice feliz, saudável e totalmente independente ganha-se durante toda a vida anterior”.
O Dr. António Pacheco Palha Professor Catedrático da Faculdade de Medicina do Porto e fundador do Movimento de Planeamento Familiar do Norte foi o orador que se seguiu, dizendo que “ há muitos professores e poucos sábios, pois a sapiência é aquilo que fica depois de esquecermos os conceitos académicos”. Disse também que “ a autonomia é a chave do bom envelhecimento e que a ansiedade e a depressão são problemas a considerar, pois a tristeza não é normal em ninguém e nos idosos também não, por isso o desleixo, o arranjo pessoal, a ideia de inutilidade são sintomas a combater para obter autoconfiança. Envelhecer é ir perdendo alguma coisa todos os dias”.
Como a tarde já ia adiantada, regressamos a casa, não tendo participado no último painel das jornadas.
Foi uma jornada enriquecedora em conhecimentos e companheirismo, e o almoço num restaurante local foi muito agradável.
1 comentário:
Como a USAF naturalmente dá apreço à leitura, dou conhecimento aos amigos de que tenho um blog para leitura de alguns dos livros que entretanto escrevi e publiquei, dos quais, por enquanto, já coloquei um à disposição pública, pela via informática - para possibilitar o respectivo contacto, a quem na altura da publicação não chegou a ler...
Para o efeito, o sítio (meu blog Lôngara-Actividade Literária)é
http://www.longara.blogspot.com/
Respeitosamente:
Armando Pinto
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