No passado dia 31 de Janeiro, pelas 14,30, uma
delegação da Universidade Sénior de Amarante composta pelo seu diretor Nuno
Queirós e pelo professor António Patrício, deslocou-se à Universidade Sénior de
Felgueiras.
Esta visita integrou-se num
intercâmbio entre universidades seniores, com a finalidade de promover uma
troca de experiências e conhecimentos. O professor da Universidade de Amarante,
António Patrício, proferiu uma palestra subordinada a Teixeira de
Pascoais, poeta amarantino, mais
propriamente sobre o seu livro “ A Arte de Ser Português”. Finalmente, além de um pequeno convívio, foi
servido pela comissão de alunos da USAF um delicioso lanche.
Oportunamente, a USAF far-se-á
representar na Universidade de Amarante com uma iniciativa semelhante.
Apresentamos, de seguida, um resumo da referida palestra:
Teixeira de Pascoaes
e a
Arte de Ser Português
Por: António Patrício (resumo da
dissertação)
“Não foi a vaidade que ditou as palavras deste ligeiro prefácio, mas um
desejo sincero de me tornar útil à minha terra.
A ideia aí fica, ficando-me também a tristeza de não a ver frutificar”
T.
de Pascoaes
Termina o
prefácio com estas palavras que só os verdadeiros homens têm capacidade,
discernimento e coragem para dizer. O seu saber e o seu conhecimento profundo
das coisas e a forma de ajuizar dos seus iguais e, quiçá, a consciência de como
era entendido nos meios decisores – leia-se poder central ou colmeia lisbonense
– levou-o a concluir fria e desmesuradamente.
Podemos entreler,
livres que somos de pensar, que Teixeira de Pascoaes sabia de fonte segura que
nem em vida nem em morte estes propósitos seriam ou mereciam as atenções dos
responsáveis pela pasta da governação. Pascoaes viveu num tempo verdadeiramente
revolucionário quer na exigência sócio-cultural, quer no espírito e na
necessidade de ser verdadeiramente Português.
Despe-se de
vaidades e preciosismos quando veste a jaleca de cidadão comum que, acima de
tudo, ama a sua terra, Portugal, e o que faz fá-lo por entender ser útil e
exequível.
Para Teixeira
de Pascoaes ser português é uma arte, uma arte de superior qualidade, digna de
cultura e, por conseguinte, de alcance nacional.
Exorta ao
professores a ensinar como quem faz uma escultura, de modo a fazerem sobressair
os traços da Raça Lusíada “projectando-se
em lembranças no passado e em esperança e desejo de futuro”.
Define-nos o
que entende por Raça e classifica de “maior
erro “ a tendência de substituirmos as nossas qualidades, muito próprias,
pelas que outros povos possuam mesmo que muito as admiremos “não troquemos a nossa figura pela máscara
importada. Ao sentido siamesco da imitação, oponhamos o espírito da iniciativa
criadora”.
O idealismo
referido, tantas vezes, por Pascoaes é saudoso pois é animado de esperança e de
lembrança e, ao mesmo tempo, religioso e popular e anti-intelectual uma vez que
as ideias consideradas em si esterilizam-se.
Quando
Pascoaes escreveu este pequeno livro escreveu-o como um poeta que não queria
ser e, simultaneamente, desejava servir e pertencer. Escreveu-o com a firme
convicção de estar a prestar um serviço. Ser os ouvidos, os olhos, o pensamento
de Portugal. Ser a tela e, ao mesmo tempo, o pincel gravando palavras que,
sendo suas, eram também de Portugal e, sendo de Portugal, não lhe pertenciam.
Isolou-se na
sua Casa de Pascoaes contribuindo, ainda que inconscientemente, para que a
generalidade da imprensa o fosse esquecendo, lenta, lentamente chegando quase
ao silêncio. Pascoaes não era silêncio e a sua obra não era nem é silêncio. Pascoaes
era os ouvidos de tudo e de todos e, na sua alma, faziam eco os gritos das
multidões, que o atormentavam, pela ânsia que tinha em compreendê-los.
Entregou-se de alma e corpo a Portugal, a Pátria das Pátrias,
a alma Lusíada que quis que os portugueses percebessem e enaltecessem.
“Arte de Ser
Português “ é o contributo maior no sentido de sensibilizar os portugueses a
fazerem a Pátria que ele entendia fazer falta, alimentada pela esperança e pela
lembrança, com os olhos expectantes num futuro, ressurgindo a personagem do
português renascido
Pouco ou nada
valeu tal esforço pois continua sem ser lido, afastado dos escaparates, votado
a um silêncio doentio e aterrador.
Não vislumbro
o dia em que Pascoaes e os Portugueses se reencontrem e, como irmãos, resolvam
entreajudar-se e renascerem.