segunda-feira, fevereiro 18, 2013

TEIXEIRA DE PASCOAES


No passado dia 31 de Janeiro, pelas 14,30, uma delegação da Universidade Sénior de Amarante composta pelo seu diretor Nuno Queirós e pelo professor António Patrício, deslocou-se à Universidade Sénior de Felgueiras.
Esta visita integrou-se num intercâmbio entre universidades seniores, com a finalidade de promover uma troca de experiências e conhecimentos. O professor da Universidade de Amarante, António Patrício, proferiu uma palestra subordinada a Teixeira de Pascoais,  poeta amarantino, mais propriamente sobre o seu livro “ A Arte de Ser Português”.  Finalmente, além de um pequeno convívio, foi servido pela comissão de alunos da USAF um delicioso lanche.
Oportunamente, a USAF far-se-á representar na Universidade de Amarante com uma iniciativa semelhante.
Apresentamos, de seguida, um resumo da referida palestra:
Teixeira de Pascoaes
e a
Arte de Ser Português
              
            Por: António Patrício (resumo da dissertação)


Não foi a vaidade que ditou as palavras deste ligeiro prefácio, mas um desejo sincero de me tornar útil à minha terra.
A ideia aí fica, ficando-me também a tristeza de não a ver frutificar”
                                                                                                                                    T. de Pascoaes


Termina o prefácio com estas palavras que só os verdadeiros homens têm capacidade, discernimento e coragem para dizer. O seu saber e o seu conhecimento profundo das coisas e a forma de ajuizar dos seus iguais e, quiçá, a consciência de como era entendido nos meios decisores – leia-se poder central ou colmeia lisbonense – levou-o a concluir fria e desmesuradamente.
Podemos entreler, livres que somos de pensar, que Teixeira de Pascoaes sabia de fonte segura que nem em vida nem em morte estes propósitos seriam ou mereciam as atenções dos responsáveis pela pasta da governação. Pascoaes viveu num tempo verdadeiramente revolucionário quer na exigência sócio-cultural, quer no espírito e na necessidade de ser verdadeiramente Português.
Despe-se de vaidades e preciosismos quando veste a jaleca de cidadão comum que, acima de tudo, ama a sua terra, Portugal, e o que faz fá-lo por entender ser útil e exequível.
Para Teixeira de Pascoaes ser português é uma arte, uma arte de superior qualidade, digna de cultura e, por conseguinte, de alcance nacional.
Exorta ao professores a ensinar como quem faz uma escultura, de modo a fazerem sobressair os traços da Raça Lusíada “projectando-se em lembranças no passado e em esperança e desejo de futuro”.
Define-nos o que entende por Raça e classifica de “maior erro “ a tendência de substituirmos as nossas qualidades, muito próprias, pelas que outros povos possuam mesmo que muito as admiremos “não troquemos a nossa figura pela máscara importada. Ao sentido siamesco da imitação, oponhamos o espírito da iniciativa criadora”.
O idealismo referido, tantas vezes, por Pascoaes é saudoso pois é animado de esperança e de lembrança e, ao mesmo tempo, religioso e popular e anti-intelectual uma vez que as ideias consideradas em si esterilizam-se.
Quando Pascoaes escreveu este pequeno livro escreveu-o como um poeta que não queria ser e, simultaneamente, desejava servir e pertencer. Escreveu-o com a firme convicção de estar a prestar um serviço. Ser os ouvidos, os olhos, o pensamento de Portugal. Ser a tela e, ao mesmo tempo, o pincel gravando palavras que, sendo suas, eram também de Portugal e, sendo de Portugal, não lhe pertenciam.
Isolou-se na sua Casa de Pascoaes contribuindo, ainda que inconscientemente, para que a generalidade da imprensa o fosse esquecendo, lenta, lentamente chegando quase ao silêncio. Pascoaes não era silêncio e a sua obra não era nem é silêncio. Pascoaes era os ouvidos de tudo e de todos e, na sua alma, faziam eco os gritos das multidões, que o atormentavam, pela ânsia que tinha em compreendê-los. Entregou-se de alma e corpo a Portugal, a Pátria das Pátrias, a alma Lusíada que quis que os portugueses percebessem e enaltecessem.
“Arte de Ser Português “ é o contributo maior no sentido de sensibilizar os portugueses a fazerem a Pátria que ele entendia fazer falta, alimentada pela esperança e pela lembrança, com os olhos expectantes num futuro, ressurgindo a personagem do português renascido
Pouco ou nada valeu tal esforço pois continua sem ser lido, afastado dos escaparates, votado a um silêncio doentio e aterrador.
Não vislumbro o dia em que Pascoaes e os Portugueses se reencontrem e, como irmãos, resolvam entreajudar-se e renascerem.

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