Sala cheia na USAF para ouvir e interagir, com o ilustre palestrante professor doutor Nuno Higino, a propósito da temática «A educação pela arte».
Fascinado pela obra de Álvaro Siza Vieira, Nuno Higino, tornou-se mais conhecido do grande público quando, enquanto padre da paróquia, acompanhou o projeto para a igreja de Santa Maria do Marco de Canaveses que foi encomendado, em 1990 pela sua diocese, ao referido arquiteto.
Numa interessante abordagem, e a partir das suas vivências,
perspetivou - para um público heterogéneo – os conceitos de artes e dos
processos criativos associados.
Talvez menos divulgada e por isso mesmo conhecida é a sua
obra literária em prosa e poesia. De uma das suas editoras transcrevemos uma
pequena, mas marcante, biografia que se enquadra no espírito da «Coisa» que pretendemos divulgar:
Nuno Higino
nasceu em 16/07/1960, em Sendim (Felgueiras), uma aldeia atravessada por uma
estrada de terra batida com um largo. A sua infância foi marcada pela presença
constante das árvores, dos campos, do rio e da Lua e animada pelos jogos de
futebol no largo com os companheiros de brincadeira. Após a escola primária,
entra para o Seminário onde aprendeu a liberdade, a tolerância e a disciplina e
descobriu o que era a resistência à ditadura; frequentou o Liceu Rodrigues de
Freitas, em pleno PREC, e olhou para Portugal como uma nascente de esperança.
Terminou os estudos teológicos em 1984, passando a lecionar no Seminário do Bom
Pastor (Ermesinde), onde permaneceu quatro anos; desencantado com o modelo de
educação, sai e é nomeado pároco em Marco de Canaveses. Aqui viveu treze anos,
marcados por uma atividade intensa e apaixonada em que o acompanhamento da
construção da Igreja de Santa Maria, projetada por Álvaro Siza, foi marcante.
Um grande desgaste com a hierarquia e com o contexto sociopolítico leva-o, em
2001, a partir para Madrid, onde termina a licenciatura em Filosofia e, em
2007, conclui o doutoramento no domínio da Filosofia Crítica e Estética.
Entretanto, em 2005, renuncia ao ministério ordenado e regressa ao estado
laical.
Sempre
escreveu poesia na adolescência e na juventude e o cheiro a livros nunca o
abandonou. Durante a sua permanência em Marco de Canaveses escreveu histórias e
poemas para as crianças que frequentavam a catequese. Escrever tornou-se um
hábito tão regular como, pela manhã, beber o café e passar os olhos pelo jornal
ou fazer pequenos trabalhos agrícolas e conviver com os amigos.
As vivências
das coisas simples e belas, a fruição da Natureza em toda a sua pujança, a
capacidade de redescobrir o encanto da luz diáfana do luar alimentam, neste
autor, uma enorme força telúrica que lhe permite captar o outro lado das
coisas, os ritmos e os tons que passam despercebidos a um olhar pouco atento.
Os frutos, as crianças, os insetos, os pássaros e outros pequenos animais
protagonizam histórias ou dão corpo a poemas que estimulam a imaginação da
criança e tocam os adultos que ainda não perderam a capacidade de encantamento.
Nos seus livros encontramos uma escrita originalíssima que surpreende o leitor
pela pureza e autenticidade dos textos.
Desde outubro de 2001 encontra-se em
Madrid onde estuda Filosofia Estética na Universid Pontificia Comillas (Madrid), e desenvolve uma investigação sobre
"O olhar, o espaço e a arquitetura. O processo criativo de Álvaro Siza a
partir da Fenomenologia".
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